Vazio.

Depois que a bagunça passa e tudo se acalma, como será que é estar do outro lado? Preocupação, muita agitação, onde está a calmaria desta vida turbulenta?

Não tenho muitos medos, nem de escuro ou de animais peçonhentos, o eco que é produzido em lugares vazios me dá medo, o eco em si não é o que me dá medo, mas o vazio, a falta de coisas ou pessoas em seus devidos lugares na vida de alguém, a falta de um amigo fiel, de um pai amigo ou mesmo de um inimigo, pois é preciso alguém que duvide e te desafie.

Existem espaços a serem preenchidos e espaços que parecem ser infinitos, infinitas dores, infinitos medos, infinitas noites que não passam enquanto bebo um café ou um whisky sem gelo, infinitos pensamentos absurdos e desnecessários, trocas de mesas, horários, agendas, passagens, bilhetes premiados, muita conversa do meu lado...

CHEGA, QUERO SILÊNCIO!

Só um pouco por favor, desliga o celular, abaixa a tela do computador, sintonize cara a cara, troque um olhar, diga um bom dia, tudo isso claro se possível for, se você já não está morto e consumido pela futilidade das coisas da cidade. Outra coisa que dá medo é a distância, mas não a distância física, a distância pra mim é o tamanho do vazio entre duas pessoas que se amam... Já vi casais a milhares de quilômetros, serem mais próximos do que aqueles que dormem na mesma cama. Tenho medo, de não me esvaziar das coisas corretas, e deixar faltar espaço pra aquilo que não soma e que me afasta de tudo que é correto, tenho medo de preencher meus dias com ocasiões erradas, pessoas vazias e frias, tenho medo de me perder na multidão e acabar dando a mão a quem não vai curar minhas feridas, dar atenção ao que não preencherá os vazios de minha vida. Tempo, não quero perder, não quero correr, quero apenas saber que usei pra me fazer bem, pra praticar o bem, não quero passar noites sentado olhando outros rindo adoidados e eu apenas apenas matando tempo pra ver se preencho os vazios com coisas que não queria estar estar fazendo. Medos... Em meio a coragem, esmagam a vontade de ser melhor, medos medem e desnorteiam meus sentidos, fico sentido por ser tão vazio, talvez eu preenchi as pessoas erradas e acabei me destruindo, medos...